Florianópolis, 8 de maio de 2025. 20h30

Por Eduardo Borges

A Saída de Aristides Cimadon: Um Legado de Polêmicas e Frustração na Educação Catarinense

Aristides Cimadon se despediu da Secretaria de Educação de Santa Catarina (SED) hoje, após um período de sua gestão marcado por polêmicas, promessas não cumpridas e uma crescente insatisfação entre os profissionais da educação. De 2023 a 2025, sob sua liderança, o estado vivenciou episódios de descontentamento, como a greve de 2024, e afirmações controversas que colocaram em questão seu compromisso com a valorização dos professores e com a melhoria da educação pública em Santa Catarina.

A Greve de 2024: A Gota D'Água para os Professores

O ponto de maior tensão durante a gestão de Cimadon ocorreu em 2024, quando os professores da rede pública de Santa Catarina entraram em greve por melhores condições de trabalho e salários. A mobilização, que teve forte apoio dos professores ACT (Contratados em Caráter Temporário), refletiu a insatisfação generalizada com a falta de avanços reais nas condições de trabalho e o descaso com a valorização da classe. As promessas de melhorias feitas pelo Secretário durante sua gestão não se concretizaram, e o impasse culminou em uma greve histórica que paralisou as atividades escolares em diversas regiões do estado.

A falta de um diálogo efetivo com os sindicatos e a não implementação de propostas urgentes, como a regulamentação do adicional de insalubridade, aprofundaram a crise e acentuaram a sensação de abandono dos profissionais da educação, que se sentiram desvalorizados e ignorados.

A Polêmica Declaração no Jornal do NSC Notícias: ACT "De Segunda Classe"

Uma das declarações mais polêmicas de Cimadon foi feita em 7 de novembro de 2024, durante uma entrevista ao Jornal NSC Notícias. Ao comentar sobre a descompactação da tabela salarial dos professores da rede estadual, o Secretário afirmou que os professores ACTs representavam "penduricalhos" e que muitos desses profissionais não demonstravam produtividade. A frase causou revolta, principalmente entre os professores temporários, que são fundamentais para o funcionamento da educação pública estadual.

Ao desqualificar os ACTs, Cimadon ignora a dura realidade enfrentada por esses profissionais, que muitas vezes atuam em condições precárias, com baixos salários e sem a devida valorização. A declaração foi vista como uma tentativa de descredibilizar os educadores e de afastá-los da luta por direitos. A repercussão negativa dessa fala se somou às outras críticas que sua gestão vinha recebendo.

O Concurso de 10 Mil Vagas: Promessa Que Não Se Cumpriu

O concurso prometido por Aristides Cimadon para preencher 10 mil vagas na educação de Santa Catarina se transformou em um verdadeiro caos. Além da frustração pela contratação de apenas 3 mil profissionais, o processo seletivo foi marcado por falhas graves. Nos cadernos de provas, foram encontradas propagandas indevidas, algo totalmente inapropriado para um concurso público. As questões aplicadas estavam completamente desconectadas da realidade das escolas e não tinham relação com os conteúdos previstos no edital, o que gerou um desconforto generalizado entre os candidatos. Para agravar ainda mais a situação, a escolha da banca organizadora foi questionada pela sua aparente imparcialidade, com indícios de que a seleção não garantiu a transparência e a seriedade necessárias para um certame dessa magnitude. O caos gerado por esse concurso deixou claros os erros de gestão e a falta de planejamento adequado por parte da Secretaria de Educação. 

Essa falta de cumprimento das promessas afetou diretamente o cotidiano das escolas, que continuaram a sofrer com a sobrecarga de trabalho dos professores, especialmente os ACTs, que já enfrentam uma realidade de insegurança contratual.

O Fundeb e o Silêncio sobre a Veracidade das Promessas

Cimadon também foi alvo de críticas por não cumprir sua promessa de destinar toda a verba do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) para a valorização dos profissionais da educação. Durante sua gestão, o fundo foi apontado como uma solução para garantir melhores salários e condições de trabalho para os professores, mas os resultados foram aquém das expectativas. O prometido “uso integral do Fundeb” para a valorização da educação não se materializou, deixando a categoria frustrada e sem respostas claras sobre os destinos desse recurso.

O Legado de Cimadon: Um Fim de Ciclo Controverso

Ao deixar a Secretaria de Educação de Santa Catarina, Aristides Cimadon deixa para trás um legado controverso e frustrante para a educação estadual. Suas promessas não cumpridas, a falta de diálogo com os professores e as falas desrespeitosas em relação aos ACTs marcaram sua gestão e aumentaram o distanciamento entre a Secretaria e os profissionais da educação.

A saída de Cimadon abre espaço para uma nova liderança na Secretaria de Educação, mas o grande desafio será reverter os danos causados por uma gestão que se mostrou incapaz de atender às necessidades urgentes da educação pública de Santa Catarina. A luta pela valorização dos professores e por um ensino de qualidade continua, e o ACT Santa Catarina permanece firme na defesa dos direitos dos profissionais da educação.

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