Florianópolis, 25 de janeiro de 2025. 10h30

Série: ACT em Foco — Capítulo I

Prof.º Eduardo Borges

A Escolha de Vagas: Um Processo Caótico e Estressante para os ACTs

Para os professores ACTs de Santa Catarina, a cada início de ano letivo, um velho pesadelo se repete: a chamada para a escolha de vagas. O que deveria ser um processo organizado e transparente se transforma em um verdadeiro caos, marcado pela ansiedade, falta de informações e dificuldades que sobrecarregam ainda mais esses profissionais.

O primeiro grande problema está no próprio processo seletivo, que ocorre a cada dois anos e já impõe um desgaste significativo aos candidatos. Provas longas, concorrência acirrada e a necessidade de constante atualização, sempre necessária, independente de qualquer seleção, são alguns dos desafios enfrentados pelos professores, que muitas vezes investem tempo e dinheiro em cursos preparatórios sem qualquer garantia de estabilidade. Além disso, a classificação obtida nesse processo é fundamental para a escolha de vagas, o que intensifica ainda mais a pressão sobre os docentes.

Quando chega o momento da chamada, o cenário é ainda pior. Listas de vagas são divulgadas em cima da hora, e as plataformas apresentam falhas técnicas, além de uma total falta de padronização, tornando a escolha uma experiência exaustiva. Embora a escolha seja realizada por um sistema online, ele não leva em consideração a distância entre as escolas, e os professores também não conseguem ter essa informação com precisão. Isso faz com que, eventualmente, docentes escolham, por engano, escolas distantes umas das outras, dificultando a logística do trabalho. Além disso, algumas escolas se recusam a ajustar os horários para facilitar a vida dos professores, e esses profissionais não têm a opção de desistir da vaga sem serem penalizados. Caso precisem abrir mão da escolha, seu CPF fica preso no sistema da Secretaria de Educação por dois meses, impedindo que concorram a outras oportunidades nesse período, o que os penaliza ainda mais. 

A incerteza se estende até mesmo após a escolha da vaga. Há casos em que, mesmo após selecionarem suas turmas, os ACTs são surpreendidos por mudanças inesperadas, cortes de aulas ou transferências compulsórias. Isso ocorre porque o sistema prioriza os professores efetivos, que podem complementar carga horária, deixando os temporários em uma situação de extrema vulnerabilidade.

Essa falta de previsibilidade impacta não apenas os docentes, mas também os alunos, que começam muitas vezes o ano letivo sem professores definidos. A desorganização prejudica a continuidade pedagógica e compromete a qualidade da educação pública em Santa Catarina.

Diante desse cenário, a luta por um sistema mais justo e eficiente se faz urgente. A prorrogação de contratos, adotada em estados como o Rio Grande do Sul, poderia minimizar o sofrimento dos ACTs e garantir maior estabilidade para os profissionais e para o próprio funcionamento das escolas. Enquanto essa mudança não ocorre, os professores temporários seguem enfrentando um ciclo de incerteza e precarização.

Na próxima matéria, vamos aprofundar a questão da sobrecarga e do cansaço que atinge os ACTs, abordando como a falta de estabilidade e os desafios do dia a dia tornam essa profissão cada vez mais insustentável. Acompanhe, compartilhe e fortaleça essa discussão!