Florianópolis, 01 de março de 2025. 10h30
Prof.º Eduardo Borges
Educação de Qualidade x Precarização Docente: O Impacto da Rotatividade dos ACTs
A rotatividade constante de professores ACTs nas escolas de Santa Catarina tem um impacto profundo na qualidade do ensino. Ano após ano, milhares de docentes temporários enfrentam um ciclo de insegurança e instabilidade que afeta não apenas suas próprias vidas, mas também o aprendizado dos alunos e a continuidade pedagógica nas unidades escolares.
A cada novo período letivo, as escolas precisam reorganizar seus quadros de professores, e os ACTs, mesmo que já tenham trabalhado na mesma unidade no ano anterior, precisam passar novamente por processos de escolha de vagas sem qualquer garantia de permanência. Essa descontinuidade prejudica o estabelecimento de vínculos entre professores e estudantes, dificulta o acompanhamento individualizado e interrompe projetos pedagógicos que exigem planejamento a longo prazo.
Além disso, a alta rotatividade afeta diretamente o engajamento dos professores com a escola e a comunidade escolar. Sem a certeza de que poderão permanecer no mesmo ambiente de trabalho, muitos ACTs encontram dificuldades para se envolver em iniciativas que exigem um compromisso contínuo, como projetos de reforço escolar, atividades extracurriculares e programas de apoio socioemocional. Essa realidade não apenas prejudica os docentes, mas também impacta diretamente a qualidade da educação oferecida aos alunos.
Outro ponto crítico é o impacto da instabilidade na saúde mental dos professores ACTs. A incerteza constante sobre a renovação dos contratos, a dificuldade de planejamento financeiro e a pressão por um desempenho impecável para garantir a permanência no sistema resultam em níveis elevados de estresse e exaustão. Muitos docentes relatam sintomas de ansiedade e burnout, agravados pelo descaso da Secretaria de Educação, que insiste em manter um modelo de contratação que ignora o bem-estar dos profissionais.
A Secretaria de Educação de Santa Catarina precisa repensar esse modelo de gestão, que transforma os professores ACTs em peças descartáveis dentro do sistema. Estados como o Rio Grande do Sul já implementaram medidas para reduzir a rotatividade, permitindo a prorrogação de contratos e garantindo um mínimo de estabilidade aos docentes temporários. Por que Santa Catarina segue no caminho contrário?
A qualidade da educação depende diretamente da valorização dos professores. Se a gestão estadual continuar ignorando os impactos da precarização e da rotatividade dos ACTs, os maiores prejudicados continuarão sendo os estudantes da rede pública, que enfrentam um ensino fragmentado e sem continuidade. Está na hora de repensarmos esse sistema e lutarmos por um modelo de contratação que respeite e valorize os profissionais da educação.